sábado, 9 de junho de 2012

"As memórias de Cleópatra", Margaret George


Título: "As memórias de Cleópatra - A filha de Ísis - Primeiro Volume";

Autor:
Margaret George;

Nº de páginas: 480;

Preço: 20,14€.




Resumo:

Escritas na primeira pessoa, As Memórias de Cleópatra começam com as suas recordações de infância e vão até ao seu glorioso reinado, quando o Egipto se torna num dos mais deslumbrantes reinos da Antiguidade. As Memórias de Cleópatra são uma saga fascinante sobre ambição, traição e poder, mas também são uma história de paixão. Depois de ser exilada, a jovem Cleópatra procura a ajuda de Júlio César, o homem mais poderoso do mundo. E mesmo depois do assassinato daquele que se tornou o seu marido, e da morte do segundo homem que amou, Marco António, Cleópatra continua a lutar, preferindo matar-se a deixar que a humilhem numa parada pelas ruas de Roma. Na riqueza e autenticidade das personagens, cenários e acção, As Memórias de Cleópatra são um triunfo da ficção. Misturando História, lenda e a sua prodigiosa imaginação, Margaret George dá-nos a conhecer uma vida e uma heroína tão magníficas que viverão para sempre. 

Opinião:

Voltando atrás no tempo para vivermos como a própria grande Rainha do Egito, acompanhamos as suas vivências desde a primeira memória (a da morte da mãe), até ao fatídico fim de César que já todos conhecemos.
As memórias contadas na primeira pessoa. È a própria Cleópatra que narra a sua vida desde a morte da mãe como se fosse um diário. Conta-nos a sua infância em que via o pai como uma figura austera mas fiel á sua família apesar de tudo. Tem medo das suas duas irmãs mais velhas, considera-se mais feia que a sua irmã mais nova e simpatiza com o seu irmão mais novo desdenhando o outro. Ela vive em Alexandria onde o seu pai é rei. Após a morte da mãe fica com pavor da água. Visita regularmente o túmulo de Alexandre o Grande, de quem é descendente. Toma o primeiro contacto com os romanos numa festa dada pelo pai para receber o representante de Roma no oriente. Nesta mesma festa conhece Marco António pela primeira vez mas devido á sua terna idade não sentiu qualquer atracção por ele a qual só viria muitos anos depois. Mais tarde o pai é obrigado a fugir para Roma. As suas duas irmãs mais velhas aproveitam-se da ausência do pai e roubam o trono. Cleópatra sempre muito diplomática consegue manter um equilíbrio político não se intrometendo nos negócios das irmãs nem do pai mas desejando secretamente que este volte rápido e regresse ao poder. Algum tempo depois as irmãs são destituídas do poder com a ajuda de Roma e o pai regressa castigando as próprias filhas e elevando Cleópatra a sua sucessora no trono. Antes da sua morte casa-a com o seu irmão mais velho Ptolomeu como era hábito no Egipto. Nas suas aventuras e escapadelas para fora do palácio Cleópatra conhece Olímpio que está a estudar para medicina e Mardian um eunuco muito sábio. Com eles cria um laço de amizade que durará toda a vida. Tornando-se mais tarde nos seus conselheiros pessoais. Com estas amizades Cleópatra aprende a desfrutar dos pequenos prazeres da vida como nadar, explorar, conhecer o mundo fora do palácio e adquire conhecimentos que lhe serão mais tarde úteis no governo do país.
Assim que o pai morre Cleópatra sobe ao poder junto com o seu marido Ptolomeu. Numa incursão pelo país o seu irmão aproveita-se e usurpa-lhe o poder. Cleópatra refugia-se na fronteira junto com os seus fiéis seguidores e junta um exército. Entretanto corre a notícia de que o grande general romano Júlio César está em Alexandria e que quem realmente governa é ele e não Ptolomeu. Cleópatra sabendo da fraqueza por mulheres do general resolve chegar até ele para se aliar a Roma contra o seu irmão. Elabora um plano arriscado e numa noite chega á presença de Júlio César enrolada num tapete. Logo ali perante a surpresa Júlio César apaixona-se por ela e o amor é correspondido. Entrega-lhe Alexandria nas mãos enquanto vai conquistar o mundo. Poucos meses depois de César partir Cleópatra dá á luz Cesarion. Filho único de seu pai o qual nunca obterá a sua herança romana. Anos depois Cleópatra vai a Roma a convite de César e leva o filho na esperança deste o considerar legítimo. Recebe a simpatia de uns e é olhada com desconfiança e hipocrisia por outros. Reencontra Marco António mas o seu amor por César torna-a cega a qualquer outro homem. Conhece Octávio, nesta altura um rapazinho tímido. O que ela não sabe é que o grande amor da sua vida tem as horas contadas e alguns membros do senado assassinam-no nas escadas deste. Os poucos amigos leais que restam do agora, Imperador juram vingança pela sua morte. Entre eles contam-se Cleópatra e Marco António. Aqui termina este primeiro livro de uma trilogia.
No que se refere à personagem de Cleópatra, para mim, nada de novo, visto que é uma personalidade que me interessa pessoalmente e sobre quem procurei sempre saber mais. O seu espírito aventureiro, audaz e a sua precoce sapiência, em simultâneo com a inocência de criança estão presente e bem visíveis e maravilhosamente espelhados pela autora numa personagem que é um encanto de acompanhar. César, contudo, foi uma surpresa. Sobre ele já não tinha tanto conhecimento prévio e foi agradável ver as várias facetas do Grande General e Conquistador de Roma.

Um ponto negativo na narrativa é que apresenta demasiada descrição. Relata guerras secundárias à história com todos os pormenores estratégicos e viagens longuíssimas com todos os pormenores da paisagem e da água e da ondulação do barco. É bom conseguir visualizar as paisagens e as roupas, mas descrições de três folhas (folhas e não páginas) é um bocadinho demais e torna-se, por vezes, exasperante ao ponto de apetecer ler tudo só por alto e passar directamente para os diálogos. Os últimos, por sua vez, são os grandes impulsionadores da história, revelando, por vezes, mais do as grandes descrições.

Relativamente às referências históricas, nas que me posso pronunciar por as ter estudado, nomeadamente a cena das corridas e do banquete, tanto os nomes como as disposições e alguns pormenores estão bastante bem retratados e dá gosto de ver o cuidado da escritora em nomear as coisas em latim.

A parte da história em que acaba, devo admitir, foi escolhida de forma perfeita, uma vez que deixa o leitor num suspense tremendo, com vontade de saber o que irá acontecer a seguir. O mesmo se dá quando Cleópatra vai dando pequenas pistas, pequenos vislumbres do que vai acontecer quer mais à frente no livro, quer no próximo.

O resumo da contracapa torna-se enganador, dando a impressão de que todo o resumo que relata se encontra nas páginas deste mesmo livro, quando isso não se verifica.

De resto, uma história de amor trágica e deliciosa, pontilhada com alguma ação e muitos momentos parados de descrição é o que podemos encontrar nestas páginas.

Pessoalmente, gostei bastante do livro, apesar dos pontos negativos que já mencionei. Contudo, não é nem uma leitura rápida, nem leve. Demorei bastante mais do que pretendia com este livro e isto não se deve apenas á falta de tempo...


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